sábado, 29 de março de 2014

4 - As Diligências da Wells Fargo

Acima, uma verdadeira diligência da Wells Fargo,
atualmente num museu.
Abaixo,  a logomarca da empresa
no auge do período das diligências.
Seus fundadores:
Henry Wells (1) e William Fargo.
As diligências 
foram muito importantes
como meios de transporte 
para o desenvolvimento do Oeste,
especialmente as da Wells Fargo.


Muita gente habituada a assistir aos filmes de "faroeste" imagina que a Wells Fargo era a única companhia de diligências do Velho Oeste, pois é a que mais aparece nos filmes. Não era a única, mas foi com certeza a que mais influenciou do desenvolvimento da região. A empresa ainda existe, mas atualmente é uma companhia que presta serviços financeiros com uma rede de subsidiárias ligadas a créditos pessoais estendendo-se ao Canadá, às Ilhas Marianas Setentrionais e ao arquipélago das Caraíbas, desde 1998.
A empresa foi fundada em 1852 em São Francisco, no estado da Califórnia, quando Henry Wells e William Fargo. Juntos, como sócios, eles compraram carroças de uma empresa chamada Concord, com tamanhos variados, com capacidades para de seis a 12 passageiros. As carroças podiam ser puxadas por quatro a seis cavalos sem que os animais tivessem que fazer muito esforço por longos percussos. Elas foram adaptadas com compartimentos de couro que funcionavam como bagageiros na dianteira e na traseira. 
Sob o assento do cocheiro, havia uma espécie de caixa-forte onde era guardado o dinheiro com o qual os passageiros pagavam suas passagens e cofres com valores a transportados para bancos, pagamentos de funcionários de empresas, etc. Por isto as diligências eram tão visadas pelos assaltantes, como mostram sempre os filmes. As diligências da Wells Fargo foram assaltadas várias vezes por bandidos famosos: Jesse James, James Frank e seus respectivos bandos (quadrilhas) e muitos outros. Entre os que mais assaltaram as diligências constam os irmãos Younger - Cole Younger, Robert ("Bob") Young e James Younger. O "recordista" de assaltos a diligências foi Charles Bolton, que tinha o apelido de "Black Bart" - uma corruptela de "Black Beard" ("Barba Preta").
Ao lado do cocheiro, sentava-se um guarda armado com revólveres e rifles. Além dos ataques dos assaltantes, as diligências também sofriam constantes ataques de índios durante as viagens mais longas. Isto porque os índios temiam perder seus territórios para a civilização que avançava. Eles sabiam que o avanço das diligências significava o fim de suas tribos.
Ainda assim, as companhias de diligências prosperaram durante vários anos. Em 1880, a Wells Fargo possuía 573 escritórios em vários estados dos Estados Unidos. Era obviamente a mais poderosa companha de transportes do Oeste. Entretanto, a partir daquele ano começou o desenvolvimento das estradas de ferro. Além de passageiros, os trens transportavam em seus vagões animais como touros e vacas, cavalos, documentos bancários, etc., com muito mais rapidez e a distâncias muito maiores. Isto significava o fim das diligências. Prevendo isto, Henry Wells e William Fargo começaram a investir em linhas de trens, e a Wells Fargo se tornou novamente uma das companhias mais potentes no setor ferroviário. Esta é a história que será contada na próxima postagem.

Fontes: 
  • Wikipedia
  • Almanaque Abril/Mundo 2001 - Editora Abril

quarta-feira, 26 de março de 2014

3 - Bat Masterson

Bat Masterson
numa fotografia de 1859
(Wikipedia).
No Brasil,
ele se tornou popular
através do seriado norte americano "Bat Masterson"
e da versão brasileira 
de uma famosa canção.



O ator Gene Barry
interpretando Bat Masterson
na série de televisão.
"Bat" era o apelido pelo qual ele se tonou mais conhecido. Seu nome verdadeiro era William Barcley Masterson. Ele nasceu em 26 de novembro de 1853 e morreu em 25 de outubro de 1921. Foi caçador de búfalos, batedor do exército, jogador profissional de cartas, xerife na cidade de Dodge (Kansas) e jornalista em Nova Iorque. Embora tenha vivido no Oeste dos Estados Unidos desde muito pequeno, nasceu em Quebec, no Canadá, sendo filho de imigrantes holandeses. 
Embora fosse irlandesa, sua mãe era filha do famoso delegado e comerciante espanhol Adrian Tenório. Não se sabe qual é a origem de seu apelido, mas há quem diga que, quando ele foi batizado (já nos Estados Unidos), um morcego sobrevoou as pessoas presentes na igreja ("Bat" é "morcego" em inglês). Sua fama como herói começou a ocorrer quando ele capturou e prendeu um perigoso bandido na cidade de Sweetwater, no estado do Texas, em 1876. 
No mesmo ano, tornou-se ajudante de xerife em Dodge - o xerife era Wyatt Earp. Depois que Earp deixou o cargo, Bat Masterson o assumiu. Já como jornalista, ainda em Dodge, escreveu o livro "Vox Populi" ("A Voz do Povo" em latim), sobre política. Depois tornou-se xerife por eleição popular em Ford County, no Kansas, permanecendo no cargo até 1879. Em seguida, tornou-se delegado federal em Trinidad, no estado do Colorado.
Formado como advogado, Bat Masterson sempre se comportou como um cavalheiro, tanto em relação a seus amigos como em relação às mulheres. Tais atributos causavam preocupação aos assaltantes, arruaceiros e assassinos, que viam em seu comportamento a forma pela qual ele conquistava a simpatia de todos, obtendo assim maior apoio popular em sua luta contra os criminosos. O que os bandidos nem sempre sabiam é que a bengala que ele usava era, na verdade, uma arma secreta: um tipo de espingarda exclusivo, que somente ele tinha, mas que só usava quando não tinha outra alternativa.
Deixando o Oeste, no início dos anos 1900, Bat Masterson mudou-se para a cidade de Nova Iorque. Indicado pelo então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, foi eleito deputado em 1908, permanecendo no cargo até 1912. Em 25 de outubro de 1921, aos 68 anos de idade, ele faleceu devido a um ataque cardíaco.
No vídeo superior você verá imagens do seriado e ouvirá a canção de Hevens Wray e Burt Corwin, que popularizou o herói nos Estados Unidos e no Brasil. No nosso país ela ganhou uma versão na voz do  cantor Carlos Gonzaga, que você pode ouvir no outro.


Fonte:
  • Ilustrações: Wikipedia
  • The World Almanac

sábado, 22 de março de 2014

2 - Phoebe Ann Mosey ("Annie Oakley")

Acima,
Annie Oakley numa fotografia
de J. Wood quando trabalhava
no circo de Buffalo Bill.
Abaixo,
Annie Oackley em ação,
filmada em 1.º de novembro de 1894.
Muito do que se conta sobre ela é lenda, 
mas uma coisa é verdade:
era uma das melhores atiradoras do Velho Oeste,
tanto com rifles
como com revólveres.










É possível que muitos de vocês nunca tenham ouvido falar em Phoebe Ann Mosey. Talvez isto seja porque ela tenha se tornado historicamente mais conhecida pelo apelido: "Annie Oackley". Muito do que se conta sobre ela é lenda, e muitas dessas narrativas são até muito exageradas. Porém, há um fato inegável. Era difícil, como é até hoje, encontrar alguém - mulher ou homem - que atirasse tão bem quanto ela. O vídeo com imagens gravadas quando ela tinha 34 anos de idade comprova isto.
Muitas dessas lendas contam histórias extremamente fantasiosas com Annie Oakley enfrentando índios, bandidos, etc. Na verdade, ela foi uma grande artista cujo maior talento era o manejo de rifles e revólveres com rapidez e pontaria incríveis, muito acima do comum, mas reais. Nascida no dia 13 de agosto de 1860 na pequena cidade de Willowdell, no condado de Darke, estado de Ohio, ainda muito jovem já era admirada pelas pessoas que a conheciam, tanto por sua beleza como pela destreza com as armas, mas também pelo seu bom senso: nunca usou esse talento para cometer crimes, embora tenha conhecido muitos criminosos e realmente lutado contra eles. 
Por volta dos 30 anos de idade, Annie começou a trabalhar para o circo "The Wild West" ("O Oeste Selvagem"), de Buffallo Bill (William Cody). Foi aí que adotou o nome artístico, pelo qual se tornou mais conhecida. Muitos autores a citam como a primeira artista de circo dos Estados Unidos. Isto fez com que ela ganhasse sua fama como atiradora em todo o país e no exterior (o circo levou muitos espetáculos a outros países). Na maioria dos espetáculos ela usava um rifle calibre 22. 
O historiador norte americano Steve Ember conta que o pai de Annie morreu de pneumonia quando ela tinha seis anos. Segundo ele, a família era muito pobre e ela não pôde frequentar escolas. Aos nove anos, foi viver com outra família numa fazenda. Ember conta que, mais tarde, ela revelou que sofria abusos de seu novo "pai". Isto a fez voltar a procurar sua própria família e, quando a reencontrou, foi muito bem recebida pela mãe e irmãos. Decidida a conseguir dinheiro para ajudar a família, aprendeu a abater animais de grande porte como os bisões, que os norte americanos chamavam de "búfalos". Com essa atividade, aprimorou sua pontaria com os rifles de tal forma que era capaz de abater o animal sem estragar a carne e a pele. Para obter dinheiro, ela e os demais familiares vendiam as peles dos animais para produção de artefatos de couro e as carnes como alimento. Ela tinha quinze anos de idade quando sua habilidade com os rifles começou a ganhar notoriedade.
Um dia, aos 16 anos, um famoso atirador chamado Frank Buttler a desafiou, convidando-a para uma competição. Foi a partir daí que a fama propriamente dita de Annie começou. A regra era a seguinte: alguém atiraria ao ar 25 pratos para cada competidor, que deveriam ser atingidos por ele em pleno ar. Buttler foi o primeiro a atirar, e atingiu 24 pratos. Em seguida, Annie acertou todos os 25. 
Annie e Frank se casaram em 1876. Ela e o marido formaram uma dupla de atiradores em shows realizados em todo o Oeste e, depois, em todo o país. Depois, Annie passou a apresentar-se sozinha, tendo Frank Buttler como seu assistente. Em 1885, eles foram contratados por Buffallo Bill para atuar no circo. 
Annie morreu em 3 de novembro de1926, aos 66 anos, vitimada por problemas respiratórios, quando o casal morava em Greenville, Ohio. A história de sua vida e as lendas a seu respeito ainda hoje são repetidas e fazem sucesso através do cinema, da televisão e dos quadrinhos. Na edição brasileira número 60 (Edição de Ouro, editora Globo) da revista "Tex", série em quadrinhos com as aventuras de Tex Willer, personagem criado pelo italiano Gianluigi Bonelli, Annie Oackley aparece como uma das personagens principais em "A Volta do Mestre". No cinema, ela foi interpretada por Barbara Stanwyck em 1935, Ethel Merman em 1946, Betty Hutton em 1950, Geraldine Chaplin em 1976, Jamie Lee Curtis em 1985, Bernadette Peters em 1999 e Elizabeth Berridge em 2004. Na televisão, na série "Annie Oakley", ela foi interpretada por Gail Daves de 1954 a 1956. No Brasil, a série foi exibida pela Rede Globo no final da década de 1960. 

Fontes: 

quinta-feira, 20 de março de 2014

1 - Apresentação

Uma típica cidade do Velho Oeste
numa foto autêntica do final do século XIX.
Retratado com frequência
pelo cinema,
em seriados de televisão
e em histórias em quadrinhos,
o Velho Oeste tem fascinado gerações desde sua própria época.


"Velho Oeste" ("Old West") ou "Faoreste" ("Far West" - "distante Oeste em inglês) são os termos mais usados popularmente para se referir ao período do século XIX durante a expansão dos Estados Unidos para a costa em direção ao oceano Pacífico, principalmente no período de 1860 a 1890. A colonização dos Estados Unidos pelos europeus começou no século XVI, mas o objetivo de expandir-se para a costa oeste se deu principalmente por causa da iniciativa do presidente Thomas Jefferson ao comprar o território da Louisiana em 1803. 
Sitting Bull ("Touro Sentado")
numa fotografia de 1882.
Este foi o começo de uma expansão que, para muitos, representava riqueza e progresso. Para os índios da região, porém, representava perda de territórios e morte. Entre os que pensavam assim estava o famoso Touro Sentado (em inglês, "Sittin Bull"). O mais famoso chefe dos índios Sioux é considerado um grande herói ente os americanos, apesar de ter sido um índio, principalmente por conduzir índios Sioux e Cheyennes na batalha de Little Big Horn, obtendo uma maciça vitória contra o Sétimo Regimento de Cavalaria. 
Eventos como este tem sido retratados várias vezes - nem sempre tal como ocorreram - através do cinema, de seriados na televisão e de histórias em quadrinhos que popularizaram heróis e bandidos (fictícios e reais), índios, garimpeiros, cowboys, etc. Também geraram heroínas fictícias e reais: embora elas raramente apareçam como personagens principais nos filmes "western", muitas delas tiveram parte preponderante na história do Velho Oeste: Annie Oackley, Martha Jane Canary-Burke, etc. Neste blogue, a partir de hoje, você conhecerá pelo menos um pouco da história de cada um desses personagens reais e dos principais fatos que, bem ou mal, marcaram o Velho Oeste.
Fontes: 

  • Fotos: Wikipedia
  • Enciclopédia Conhecer - Vol II - série Verde - Editora Abril Cultural - São Paulo, SP (Brasil).